quinta-feira, 26 de junho de 2008

POEMAS E PENSAMENTOS


" Vós sois o espelho da vossa mãe.
E ela em vós chama de volta,
a maravilhosa Primavara dos seus anos dourados"

de WILLIAM SHAKESPEARE"


OUTRO POEMA



A tua mãe pegou em ti e encostou-te ao peito.
E tu viste como os olhos dela brilhavam e o seu rosto sorria.
Quando saíste, o cordão ainda te ligava à placenta.

Depois alguém cortou o cordão.
Já respiravas por ti próprio
sem precisares de oxigénio que havia no sangue da tua mãe.

Em vez disso , o teu coração empurrava o teu sangue
para que circulasse no teu corpo.

O pedaço do cordão
que ainda estava preso à tua barriga,
caiu quando fizeste uma semana de idade.
Estava no sítio onde agora tens o umbigo.

Pela primeira vez sentiste o ar na tua pele
e mexeste os braços e as pernas
no ar e não na água.

Havia ruídos estranhos.
Mas no meio de todos esses ruídos
havia a voz da tua mãe
que tu já conhecias.

Talvez que ela se lembre do que disse
e do que sentiu
e como tu eras
e o que fizeste.

Podias distinguir cores e luzes,
e a curva das coisas e o seu brilho,
e a forma do rosto das pessoas que te sorriam.
Elas aproximavam-se de ti
e afatavam-se de ti.

Eram às vezes contornos vagos e indistintos,
como os rostos que se vêem através dos vidros embaciados
ou no meio do nevoeiro.

Só quando se aproximavam é que conseguias vê-las
nitidamente.
As pessoas tocavam-te,
e tu sentias como as mãos delas
te acariciavam, te embalavam, te pegavam ao colo.

no colo de tua mãe, começaste a levantar a cabeça,
a abrir a boca, a piscar os olhos
e a fazer um barulhinho engraçado...
como um gatinho a miar.

Estavas a dizer à tua mãe...
que querias mamar.

Ela já tinha leite no peito para ti.
Aproximou-te do seio, e tu abriste muito a boca,
e depois apertaste-a, e...
Mamaste, mamaste...
até que adormeceste...

De Lennart Nilsson
Do livro-Uma criança vai nascer

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